quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Marcel Proust: Ensinando como funciona o Amor.

Passei em frente de um ambiente francamente masculino: Um Buteco!

Dentro do Buteco estavam só homens suados, rostos marcados de tanto se dedicarem a trabalhar para o Brasil.

Um Buteco: lugar que se vende a bebida alcoólica mais forte do Brasil: a “pinga” barata e sem qualidade.

Imaginei aqueles exemplos de heterossexualidade bem resolvida, falando de temas fortemente masculinos como basebol, futebol ou box.

Imaginei-os assistindo a lutas de boxe ou programas de violência suburbana das 18:00: os telejornais de sangue.

Que engano! Aqueles exemplos de varões estavam se deliciando, longe das esposas e dos filhos, com a famosa TELENOVELA brasileira, no aparelho de Televisão do buteco.

Não perdi tempo, estava com o primeiro volume da obra de Marcel Proust, "Em busca do tempo perdido", entrei porta adentro e falei:

- Então vocês se interessam por amor! Bem! Esse livro aqui ensina a não demonstrar ciúme da mulher, pois, se um homem assim o fizer, a mulher se sente autorizada a omitir fatos e até a mentir para o homem.

Sai chutado do bar e a massa trabalhadora e ordeira brasileira gritando:

- Não venha com estas idéias para cima da gente! Minha mulher nunca mente para mim! Você é daqueles que acha que qualquer senhorita pode ficar grávida! Pois fique sabendo que isso só acontece na casa dos outros!

Sai machucado, mas feliz! Sensibilizaram-se com a minha fala! Pior seria se tivessem ficado indiferentes!

Por um momento, eu tinha me sentido como os antigos jesuítas do Colégio de São Paulo de Piratininga ensinando Virgílio para tupiniquins, como dizia meu primo Oswald Andrade.